Após o vazamento de mensagens que sugerem investigações extraoficiais por parte do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), parlamentares de direita intensificaram seus pedidos de impeachment contra o magistrado. A revelação, publicada pela Folha de S.Paulo, indica que o gabinete de Moraes solicitou informalmente ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a elaboração de relatórios sobre perfis de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro.
O senador Eduardo Girão (Novo-CE) lidera a coleta de assinaturas para a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investigue o caso. Em discurso no plenário do Senado, Girão acusou Moraes de agir de forma arbitrária e ferir a lei. “Essas ilegalidades e abusos só acontecem pela omissão desta Casa”, declarou o senador, que também afirmou que o Brasil estaria sob uma “ditadura da toga”.
Deputados federais aliados de Bolsonaro, como Nikolas Ferreira (PL-MG) e Bia Kicis (PL-DF), também se posicionaram a favor do impeachment e da instalação da CPI. Em discurso, Ferreira criticou a conduta de Moraes e expressou preocupação com a defesa da democracia. Bia Kicis, por sua vez, afirmou nas redes sociais que lideranças da oposição na Câmara e no Senado estão articuladas para tomar medidas legais contra o ministro.
O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do ex-presidente, também comentou o caso, classificando as denúncias como um possível atentado à democracia e ressaltando a necessidade de uma investigação aprofundada. Jair Bolsonaro, por sua vez, republicou a postagem do filho, sem fazer comentários adicionais.
De acordo com a matéria da Folha de S.Paulo, as mensagens trocadas entre o gabinete de Moraes e o TSE teriam ocorrido entre agosto de 2022 e maio de 2023, envolvendo a criação de relatórios que embasariam decisões nos inquéritos das milícias digitais e das fake news. O jornal afirma possuir 6 gigabytes de mensagens e arquivos detalhando a atuação extraoficial do ministro.
Em resposta, o gabinete de Alexandre de Moraes emitiu uma nota defendendo a regularidade de todas as ações. A nota esclarece que todas as determinações e requisições feitas ao TSE ocorreram nos termos regimentais e foram devidamente documentadas, com a ciência e participação da Procuradoria Geral da República (PGR). Segundo o gabinete, os relatórios visavam descrever postagens ilícitas nas redes sociais, relacionadas às investigações de milícias digitais e desinformação.