Por que só Taió? Isso faz bem para a cidade? Um questionamento da população.
Nas últimas semanas, nossa reportagem foi procurada por diversos moradores, comerciantes e visitantes da cidade de Taió. O motivo? Um questionamento que tem se tornado cada vez mais comum nas ruas, nos comércios e, principalmente, nos grupos de WhatsApp da cidade:
Por que certas práticas de fiscalização da Polícia Rodoviária Estadual parecem acontecer apenas em Taió e não em outras cidades da região ou do estado?
O que a população relata não é sobre o ato de fiscalizar — que é correto, necessário e essencial para garantir segurança no trânsito.
A pergunta não é sobre isso.
A pergunta é sobre o excesso, sobre o equilíbrio.
Moradores e visitantes afirmam que o que deveria ser uma prática de segurança tem se transformado em uma rotina de abordagens constantes, fiscalizações sucessivas, testes de bafômetro e blitzes em sequência — muitas vezes realizadas em diferentes pontos no mesmo dia, alternando locais de forma aleatória e surpreendente.
É comum nos grupos de WhatsApp surgirem mensagens como:
“Como tá a Guarita hoje?”
“Tá parando ou tá livre?”
“Mudaram de ponto? Onde estão agora?”
Esse sentimento recorrente gera, segundo muitos relatos, uma sensação de insegurança social, desconforto e até de constrangimento. E o questionamento que surge é direto e coletivo:
“Por que em Taió é assim?”
“Por que não é assim em Rio do Sul?”
“Por que não é assim em Laurentino, em Pouso Redondo, em Balneário Camboriú, na capital Florianópolis ou em Joinville?” Essa inquietação não surge do acaso.
Ao longo dos últimos anos, a atuação da Polícia Rodoviária Estadual de Taió já foi tema de amplas discussões, mobilizando autoridades e a comunidade.
Entre os episódios que ganharam repercussão está a polêmica conhecida popularmente como “máfia do guincho”, que resultou em grande mobilização da comunidade local e da região, reunindo centenas de pessoas em frente à guarita da Polícia Rodoviária Estadual de Taió, além da presença de prefeitos, vereadores, lideranças comunitárias, e também do próprio Comando Geral da Polícia Militar Rodoviária Estadual.
O tema foi levado, inclusive, à tribuna da Assembleia Legislativa de Santa Catarina (ALESC), onde os deputados estaduais Nilson Berlanda e Gerry Comper se manifestaram publicamente, questionando as práticas que estavam ocorrendo em Taió e cobrando respostas e soluções.
Ainda que algumas medidas tenham sido adotadas após esse episódio — especialmente no que se refere ao serviço de remoção de veículos — o sentimento da população é de que o problema persiste, agora sob uma nova roupagem: o excesso nas abordagens e na fiscalização ostensiva. Esse cenário impacta não apenas quem transita diariamente pela cidade.
O comércio, os bares, os restaurantes e os promotores de eventos relatam perdas e dificuldades.
Festas tradicionais que movimentavam a cidade e a região simplesmente deixaram de existir, muitas delas esvaziadas pelo clima de receio e desconforto gerado pela fiscalização considerada excessiva.
E aqui é preciso reforçar: Ninguém discute a importância da fiscalização. Ninguém questiona que segurança no trânsito salva vidas. Isso é inegociável.
O que se questiona é o equilíbrio. O que a população pede é proporcionalidade.
Por que a mesma prática não é adotada em cidades com dezenas ou centenas de milhares de habitantes? Por que isso só acontece aqui, em Taió, uma cidade pacata, com pouco mais de 17 mil moradores?
O que a comunidade expressa — e fez questão de levar até nossa reportagem — não é um pedido de impunidade. É um pedido por respeito, por bom senso e, principalmente, por uma convivência justa, onde segurança e liberdade possam caminhar juntas.
E a pergunta segue aberta, mais viva do que nunca:
Por que só Taió? Isso realmente faz bem para a cidade?